quinta-feira, 19 de agosto de 2010

The age of stupider


Tive de ir a Lisboa tratar de assuntos que prefiro não recordar, mas que envolvem senhoras antipáticas atrás de balcões a dizerem coisas como "falta o triplicado do impresso 33-B" ou "Isso leva pelo menos 3 semanas, se não for mais". Fui de bicicleta, e essa foi a parte boa do dia. Mas mesmo assim, não posso deixar de fazer mais umas quantas observações. Nestas coisas da mobilidade, há muita gente que escolhe uma abordagem 100% positiva, tentando ver sempre o lado bom das situações: estamos no bom caminho, com o tempo tudo se resolve, etc. Eu também gostava de ver as coisas assim, mas por vezes é difícil. Consta que foi preciso incendiar uns carritos invasores para os Dinamarqueses manterem as suas ciclovias.

Ciclovia ou percurso de obstáculos?

Comecei em Belém, e como sempre, os turistas preferem o piso da ciclovia aos passeios. Na cabeça deles as coisas devem passar-se mais ou menos assim: "Toda a gente caminha descontraidamente, pelo asfalto pintado com uns desenhos esquisitos. O dia está bonito e estamos de férias, fomos para fora cá dentro, nada é mais belo que o nosso Portugal! Mas eis que, neste dia perfeito, aparece um ciclista malandro que passa a grande velocidade, mesmo ao lado das pessoas. Coloca as nossas crianças em risco! Que grande mal educado! As bicicletas são mesmo um perigo, devia ser proibido!" Carros com as portas abertas para a ciclovia, pessoas a passear o cão pela trela, grupos numerosos parados a olhar para mapas, gente sentada no chão, quadriciclos de aluguer (sim, a motor) a cortar caminho, vi de tudo e parece que vale mesmo tudo. 

Esta passadeira já teve uma área para bicicletas. Agora não tem

Não basta que a ciclovia seja um labirinto desenhado por um sádico, de piso improprio e mesmo perigoso até para caminhar, mal sinalizada e cheia de cruzamentos onde o ciclista não tem prioridade. Que sirva a troços para colocar contentores, acesso a estacionamentos, ou mesmo para estacionamento. Não chega que se tenha que desmontar e levar a bicicleta à mão quase metade do caminho, nas zonas partilhadas e pelas passadeiras. Não, além de tudo isso a ciclovia está permanentemente invadida de pessoas que não parecem compreender o seu propósito. Fui insultado por gente que, estando dentro da ciclovia, perfeitamente delimitada, se sentiram ameaçadas pela minha passagem, depois de terem ignorado os meus avisos. O que é que se faz quando boa parte da população parece sofrer de algum tipo de atraso mental?

 
Atravessar? Sim, à volta. Desmontado. São SÓ 4 semáforos

Quando se está usar a ciclovia para transporte, não para passeio, todos estes problemas saltam à vista. Perde-se muito tempo e arrisca-se um queda ou uma colisão. Esta deve ser a única ciclovia do mundo onde existem carris de eléctrico (longitudinais) dentro do percurso! Foi muito mais seguro subir a rua do Alecrim. E descer a calçada da Glória.

Os jardins proibidos?

As minhas andanças pela capital levaram-me também até ao misterioso jardim atrás da policia municipal, que mencionei anteriormente. Continuava deserto. No tempo que estive lá a descansar e aproveitar o espaço, contei dois humanos e quatro canídeos. Oh, senhores! É sempre a mesma coisa, gasta a câmara rios de dinheiro em coisas que as pessoas não precisam. Então este espaço não dava um belo parque de estacionamento? Ou uma auto-estrada de 8 faixas!

2 comentários:

  1. O eterno problema dos peões que caminham pela faixa destinada à bicicleta, só terá solução quando o espaço destinada aos seus sapatos for, pelo menos, tão confortável para andar como o pavimento laranja.
    A calçada portuguesa não é confortável, porque não é mantida, porque já nem sequer é bem feita.
    A calçada é uma teimosia, mais uma! que faz sentido apenas em zonas especificas. Mais não seja porque é cara de manter e requer constante vigilância. Existem outros tipos de pavimento moderno e de aplicação muito mais económica.
    Lisboa poderia até inovar nessa matéria, como inovou com a calçada...

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  2. Também eu já fiz BTT autêntico nessa ciclovia... É mais um percurso cheio de obstáculos que uma "via". É preferível andar pela estrada que fica entre o rio e a linha de comboio - muito mais rápido, confortável, e seguro!

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