terça-feira, 27 de setembro de 2011

Orçamento Participativo 2011-2012: Take 2

Até Sexta, dia 30
Se alguém leu o meu post original sobre o Orçamento Participativo deste ano, e os comentários que se lhe seguiram, deve ter ficado com a ideia de que eu não sou grande fã. E é mais ou menos a ideia correcta. Contudo, como em anos anteriores, acabei por perder um tempinho a tentar perceber os projectos e votei mesmo num.

E mudei de ideias por quê? Bom, não mudei propriamente de ideias, continuo a ter algumas considerações sobre todo o procedimento que me parecem pertinentes:

  • Que um munícipe tenha de recorrer ao OP para que a autarquia (talvez) resolva problemas básicos que são da sua responsabilidade, como fazer passeios seguros e arranjar buracos, parece-me humilhante.
  • As ciclovias que se podem atribuir directa e indirectamente ao OP foram pessimamente executadas e se esse é o standard de qualidade da CML nesta matéria, o melhor será não fazerem nada.
  • Assuntos da importância que (para mim) tem a mobilidade sustentável na capital não deveriam estar dependentes apenas da esmola/lotaria do OP, como muitas vezes parece que estão.

Dito isto, fui sensibilizado pelas palavras do JC Neves (obrigado) e acabei mesmo por votar. Não podemos esquecer que votando em qualquer projecto relacionado com o ciclismo urbano, mesmo um projecto que acabe derrotado, estamos a dar provas aos responsáveis da CML do contínuo interesse dos Lisboetas na Causa do ciclismo utilitário. E isso é realmente importante, porque todas as oportunidades são poucas para contrabalançar o omnipresente poder do Loby do popó.

Assim, eu votei no projecto 132, por interesse pessoal e pelas razões já citadas. As propostas relevantes parecem ser:

Nº  67 Via ciclável.
Nº  68 Estacionamento para bicicletas, Cidade de Lisboa.
Nº  85 Percursos Cicláveis, Lumiar.
Nº  86 Cacifos para estacionamento de bicicletas, Lumiar. 
Nº  91 Instalação de Elevador de Bicicletas.
Nº 132 Corredor Ciclável entre a Av. República e a Baixa.
Nº 144 Ampliação da Rede de Percursos e corredores cicláveis.

Consultem aqui os projectos. E votem até ao final da semana. Ou o ReichFürer Carlos Barbosa e seus capangas é que se ficam a rir.

domingo, 25 de setembro de 2011

Teste: Giant Conway 2.0

Este caixote já deu a volta ao mundo
 
Como prometido, aqui vai uma pequena review de uma dobrável que não custa os olhos da cara. Antes de mais, convém responder à questão que quase toda a gente colocará ao ler o título desta posta: o que diabos vem a ser uma Giant Conway?

Pois. As origens deste modelo perdem-se nas brumas não do tempo mas da sociedade globalizada. Uma investigação por parte do proprietário permitiu descortinar que se trata de um modelo da Giant, de 2008, destinado ao mercado Chinês. E graças aos imponderáveis da globalização, um punhado destas bicicletas, novas, foram importadas para a terra dos apreciadores de fish and chips e spotted dick pudding. E em terras de sua majestade foram colocadas à venda no eBay.

Chan-chan!

Não sei se alguma vez receberam uma bicicleta pelo correio, garanto-vos que é um volume considerável, o que torna tudo muito, hum.... divertido! Neste caso não tanto, porque a caixa tem umas dimensões mais comedidas, já que a bicicleta vem, naturalmente, dobrada. E a dobra é do tipo Dahon, o quadro quebra a meio e o espigão do guiador dobra à altura da caixa de direcção. Mais coisa menos coisa, é tudo muito semelhante.

Outra possível interrogação que possam ter nesta altura é qualquer coisa do género:"e funciona!!?"

Chinesa à solta na capital
 
É uma questão muito razoável, sabendo nós que as bicicletas dobráveis têm uma engenharia a tirar para o complexo e que esta menina veio da China, terra onde muitas vezes a qualidade não mora. Pois sim, tudo o que é para funcionar funciona, sem problemas ou manhas. Obviamente, este é um produto de gama baixa, e como tal deve ser avaliado, mas não fica atrás de modelos vendidos por cá a preços semelhantes (leia-se superiores), de marcas menos conhecidas e muitas vezes fabricados nas mesmas paragens.

Uma bicicleta de marca!

E então o que temos no menu? Temos um quadro em aço, temos seis velocidades obtidas por meio de uma transmissão Shimano, com um desviador Tourney, gripshift, e uma cassete convencional. Os travões são v-brake da ProMax, a caixa de direcção é de rosca, de uma polegada. As rodas de alumínio, cubos e a maioria das restantes peças são fornecidas pela própria Giant. A bicicleta vem pronta para uso utilitário, com pormenores interessantes como:

  • Reflectores à frente e atrás, e nas rodas
  • Guarda lamas 
  • Grelha porta-bagagens
  • Protector do prato dianteiro
  • Descanso

Todos estes gadgets pagam uma factura na balança e é impossível que esta Giant atinja os 12 kg anunciados. Boa parte da culpa será dos guarda-lamas, que são em aço sólido! De resto, como em qualquer roda 20, o peso está todo muito lá em baixo e só se nota quando temos que pegar na bicicleta. O quadro em aço ajuda a tornar a viagem confortável, e existindo algumas flexões no conjunto, nomeadamente nos pedais e no espigão da direcção (algo comum a muitos outros modelos), não é nada de preocupante. O que salta logo à vista quando assumimos os comandos são duas coisas: primeiro apercebemo-nos de que a bicicleta é realmente pequena e depois somos surpreendidos pela estabilidade e conforto que mesmo assim ela apresenta.

Elegante e confortável


As bielas (cranks) são apropriados para pessoas de baixa estatura

 
Pormenor do fecho central


Cubo da frente também da marca

Esta Giant não é uma marota irrequieta, como as rodas de 20 polegadas poderiam fazer pensar. Isto é ainda mais inesperado porque a bicicleta mede menos de 1 metro entre eixos e eu ultrapasso em comprimento os limites propostos pelo fabricante (altura máxima de 185cm). Esta bicla terá sido feita a pensar mais no utilizador asiático, os cranks, exemplo, medem 165mm, um tamanho adequado a pernas pequenas. Já o limite de peso é de 105 kg, exactamente o mesmo das Dahon de gama alta.

Rodas e pneus da própria Giant

Uma limitação da bicicleta tem a ver com a transmissão. Não falo do número de velocidades, mas do escalonamento destas. Foi usado na frente um prato de 48 dentes (atrás é 14-28), o que não chega para dar grande embalagem. Se a velocidade máxima falha, as subidas por seu lado não serão problema. De resto, as sensações que esta Giant transmite estão bem acima dos Euros que custou (cerca de 200 já com portes). O proprietário está satisfeito e há mais uma bicicleta utilitária a rolar pela capital.

Resumindo e baralhando:

A favor:

  • Preço
  • Quadro em Aço
  • Dobra e componentes específicos aparentemente fiáveis 

Contra:

  • Velocidade Máxima
  • Questões de garantia e peças
  • Bielas de 165mm, para quem tenha a perna grande 

Charme Oriental




Mais uma vez, este trabalho só foi possível porque pude contar com a preciosa colaboração de:

Ciclista e feliz proprietário da Giant: João Serôdio
Fotografia: João Serôdio

Brompton Electrica

Não é esta! Imagem do modelo oficial ainda por revelar...

No que é um óbvio reconhecimento da importância transcendente deste blogue no panorama do ciclismo utilitário mundial, recebi recentemente um e-mail daqueles senhores ingleses que fazem bicicletas que se quebram todas e ficam muito pequenas. Diz a missiva que a marca se prepara para lançar um modelo com assistência eléctrica na sua gama de dobráveis. A chamada eBrompton está na forja há seis anos e era conhecida até agora como o Projecto X (Coisas de bifes). O modelo só deve chegar à maioria dos mercados em 2013.

Quem não quiser esperar tanto pode sempre ir a Londres para o ano ou encomendar já um modelo não oficial, uma transformação feita pela boa gente da NYCewheels. Não vai é ficar barato...

sábado, 24 de setembro de 2011

Pedais de encaixe na cidade

O ultimo grito da moda urbana cycle-chic-mega-ri-fixe. Os colegas gostaram

Ultimamente tenho andado com pedais de encaixe. A coisa começou por simples preguiça em voltar a trocar os pedais por uns convencionais depois de umas voltas maiores de fim-de-semana. Acabei por usar bastante os pedais de encaixe em deslocações utilitárias por Lisboa nos últimos tempos e esta posta é um apanhado das minhas impressões.

Recordo que o meu background, se é que tenho algum, é do BTT, e nesta prática estava habituado ao uso de pedais de encaixe da Shimano ou compatíveis, vulgo SPD (No meu caso uns muito comuns M520). Normalmente quem se acostuma a este sistema não quer outra coisa. Também há quem nunca chegue a acostumar-se. Para uso em cidade tinha concluído que o sucessivo para-arranca tornava o uso do SPD menos aliciante, talvez mesmo perigoso, pelo que optei por uns convencionais pedais de plataforma.

Convencional...

...ou de encaixe?

Agora que tive oportunidade de experimentar, a verdade é que não posso dizer que haja um claro vencedor. Por um lado os SPD's mantêm em cidade todas as suas vantagens: permitem um maior controlo da força de pedalada e logo arranques mais incisivos e acelerações mais rápidas. Obviamente também dão maior segurança ao descer depressa uma rua esburacada de Lisboa, e dessas há muitas. Também ajuda ter o pé de arranque preso, podendo rodar muito mais facilmente o pedal para a posição ideal para voltar a arrancar, algo mais moroso com pedais convencionais. Os pedais de encaixe transmitem mais segurança a todo o momento, menos quando temos que, inesperadamente, colocar o pé no chão. E situações desse tipo não são incomuns no trânsito caótico de Lisboa. Em quase todos os modernos pedais de encaixe a pressão das molas pode ser regulada, nomeadamente para tensões muito baixas, como estão os meus neste momento. Mesmo assim o potencial para surgirem problemas está lá e não deve haver coisa pior que tombar na bicicleta, no meio dos carros, com uma perna presa no pedal...

Também há pedais mistos ou (como aqui), acessórios que permitem utilização mista

Para usar pedais de encaixe, é necessário utilizar sapatos específicos. Isso hoje em dia não é grande problema, existem muitos modelos, de várias marcas, que permitem um caminhar quase confortável e se o "cleat" ficar no meio da sola até se pode evitar o som de cascos de cavalo e o arruinar do chão da casa dos amigos. Não é o caso dos sapatos que eu tenho usado ultimamente, mas isso agora não interessa nada.

Em suma, para um utilizador experiente, é uma opção como outras. Para quem não tem bastante experiência com este tipo de pedais, o melhor é usar pedais de plataforma, as perdas de "potência" em distâncias curtas são negligenciáveis e são mais simples, versáteis, seguros e baratos.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Comichão premium



Pronto, já falei no assunto. E se querem a minha opinião, eu sei que não querem, mas cá vai ela na mesma, como de costume: o filme parece ser o típico produto de acção de Hollywood, neste caso de baixa qualidade, e que por acaso, só por acaso, até envolve bicicletas. Foi fixe ver o trailer, acho que não vou passar disso.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia Europeu Sem Carros 2011

Deixei passar a efeméride, porque não ligo a essas coisas, mas este contestatário cantinho do ciberspaço superou recentemente uma ano de vida e já passou da centena de postas. Tal torna-se evidente pelo facto de eu já o ano passado ter escrito alguma coisa sobre o Dia Europeu Sem Carros.

Da desilusão do ano passado para as muito baixas expectativas deste ano, das quais dei conta não há muito tempo, em Lisboa espera-nos um dia como os outros. O acto simbólico e motivador de fechar o centro da cidade ao trânsito motorizado foi por cá há muito abandonado, supostamente por falta de adesão dos munícipes. Assim, o que há são uma série de pequenos eventos de sensibilização, conferências e o encerrar de uma parte de uma rua, para fechar a Semana Europeia da Mobilidade, na capital.

Na minha opinião isto é muito pouco. A raiar o ridículo. Mas para o ACP, por exemplo, se calhar já é até demais. E toda a gente sabe quem é que manda realmente por estas bandas. Nem sei porque Lisboa ainda faz parte da semana da Mobilidade, uma vez que na prática não implementa o mínimo que uma cidade participante está obrigada a fazer. Isto do querer parecer verde mas achar que os votantes são todos uns barrigudos carro-dependentes é tramado.

Seja como for, amanhã (hoje!) lá estarei de bicicleta no meio do trânsito. Desafio todos os leitores a, pelo menos amanhã, deixarem o carro em casa.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Projecto Re-Food

Imagem: Filipe Arruda

Já me tinha cruzado várias vezes em Lisboa com este senhor de chapéu e não me passou pela cabeça o que ele andava a fazer. Vale a pena espreitar este artigo do Público para perceber, entre outras coisas, como a bicicleta mais uma vez é parte da solução para os problemas de Lisboa.

domingo, 18 de setembro de 2011

GT Agressor 2.0 em teste

Imagem: João Serôdio

Há por aí umas formulas que determinam o número ideal de bicicletas que um entusiasta deve ter. E eu tenho as minhas próprias ideias sobre o número indispensável de bicicletas que uma pessoa deveria pelo menos ambicionar possuir.

Infelizmente, por norma a realidade não é assim tão linear. O espaço lá em casa, as finanças, o conjugue, tudo são factores que conspiram para limitar os nossas ambições no que toca ao coleccionismo de máquinas do pedal. Para muitos existem condições práticas para ter apenas uma bicicleta. E isso torna as características dessa bicicleta única ainda mais importantes. A polivalência estaria no cimo da lista dessas características, e a seguir ao MacGyver, nada é mais polivalente que uma bicicleta de montanha de gama baixa.

Imagem: João Serôdio

A bonita GT que motiva esta posta é um desses modelos. Uma bicicleta capaz de tudo e de ir a qualquer lado. Para quem está a voltar ao ciclismo ou simplesmente pretende substituir a sua velha BTT dos anos oitenta e noventa por alguma coisa semelhante, este tipo de bicicleta é uma boa ideia. A geometria do quadro em alumínio aposta no conforto, os componentes são de gama baixa e algo pesados, mas de marcas reputadas. Tudo funciona como deveria e a sensação de precisão, de ausência de folgas, de ruídos, numa bicicleta nova, é incomparável.

O guiador sobre-elevado apoia-se num avanço de ângulo pouco agressivo. Os punhos são tão atraentes como confortáveis e o selim completa este panorama com os mesmos predicados. A complementar os pontos de apoio do ciclista, temos uns pedais bastante básicos mas ainda assim de marca conhecida. A pedaleira é uma Suntour bastante simples, de onde se destaca o disco de protecção da corrente. Quem pretender fazer BTT vai achar que é material (e peso) que sobra, quem quiser dar um uso mais utilitário à GT vai agradecer este pequeno pormenor que evita manchar a roupa.

E um olhar mais detalhado sobre esta GT revela a sua aptidão para o passeio mais que para o monte. Há muitos outros modelos no catálogo da marca americana aptos a satisfazer o BTTista mais radical. Esta GT tem outras competências. O quadro aceita uma grade porta-bagagens e guarda-lamas. A suspensão da frente tem furação para guarda-lamas e luzes, uma raridade nos dias que correm.

Pedaleira Suntour, básica mas funcional

A suspensão de 63mm não tem regulações, mas aceita guarda-lamas  

A transmissão está entregue à Shimano

As 24 velocidades apostam em relações baixas: esta GT sobe tudo!

Conforto e bom gosto

Mesmo os componentes de gama mais baixa são "de marca"

A minha primeira BTT foi justamente uma GT parecida com esta, concretamente uma Avalanche 3.0 de 2003. Eu dei-lhe um uso muito agressivo, e embora não fosse essa a sua vocação, a bicicleta nunca me deixou ficar mal. Não fosse o seu tamanho ser totalmente desadequado para mim, ainda a teria. Ao pegar nos comandos desta GT recordei de imediato a solidez e conforto da minha velha montada.

Como nota que remete para a qualidade da bicicleta, há um autocolante da Cannondale no quadro. Penso que as duas marcas americanas partilham instalações fabris no extremo Oriente. Os pormenores de qualidade com que este modelo de gama baixa nos brinda fazem-me pensar que se trata de uma aposta ganha. Não é fácil, por exemplo, contar o número de vezes que o logótipo da marca aparece no quadro e nos componentes, incluído o dropout!

A GT está cheia de detalhes de qualidade, a começar pela pintura do quadro

Em suma, para quem só pode ter uma bicicleta em casa e pretende dar-lhe um uso polivalente, que inclua um pouco de desporto, passeios com os amigos e algum uso utilitário, este tipo de modelo é a solução. E as boas notícias são que esta bicicleta, e outras do mesmo segmento de mercado, podem ser adquiridas por cerca de 50 antigos contos. Sim, este modelo foi comprado por 249 Euros numa conhecida loja de desporto nacional. É certo que para alguns isto ainda será muito dinheiro para dar por uma bicicleta. É uma questão de prioridades. Se lhe derem algum uso, vão ver que na verdade é das melhores compras que uma pessoa pode realizar.

Resumindo:

A Favor: 

  • Quadro
  • Qualidade dos componentes
  • Preço

Contra:

  • Nada de relevante

Alguém poderia argumentar que os pneus são para lá de básicos (e pesados) ou que o facto das relações de transmissão beneficiarem as subidas prejudica a velocidade de ponta. Eu penso que para a ordem de preço e utilização que estamos a falar, estes pormenores são irrisórios. Como sempre, o Lisboa Bike recomenda que teste a bicicleta que vai comprar e tenha especial atenção à questão do tamanho do quadro.  


Bom tempo, amigos e uma bicicleta nova: que mais se pode pedir? 

Para este trabalho contei com a preciosa ajuda de várias pessoas:

Modelo, ciclista e feliz proprietário da GT: Comandante Monteiro
Fotografia: João Serôdio

Como nota final, recordo que não tenho qualquer relação comercial com a GT nem com quem a representa no nosso país. As opiniões aqui expressas são exclusivamente minhas. Por favor guardem as teorias da conspiração para a Bike Magazine.

sábado, 17 de setembro de 2011

Brevemente...

Imagem: João Serôdio

Jovem: Sempre quiseste ter uma dobrável mas achas que são todas muito caras? Estiveste para comprar uma daquelas chinesas mais baratas mas tiveste medo da qualidade e durabilidade do material? Ainda estás interessado em saber se valeria a pena ter uma bicicleta dessas? Gostas de Frango assado?

Se respondeste afirmativamente a três destas perguntas, não percas brevemente uma review detalhada a um modelo de deixar os olhos em bico. Só no Lisboa Bike!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Fabuloso destino do ReichFüher Barbosa

Conferência de imprensa com o ReichFürer

Pronto.

O homem abriu outra vez a boca e os meios de comunicação social difundiram obedientemente a mensagem do grande timoneiro do apocalipse motorizado. Este senhor já defendeu em tempos ideias com que até eu concordaria, como o reforço das campanhas mediáticas para a prevenção rodoviária (que existiram durante anos, mas depois desapareceram) e o aumento do nível de exigência e fiscalização das escolas de condução.

Mas o habitual do querido líder do maior clube do país é a retórica cheia de disparates populistas, que apelam ao automobilista primário, que se sente perseguido no seu direito divino de acelerar sem responsabilidade, estacionar onde lhe prover e pagar pouco ou nada por isso.

E desta vez o homem superou-se. Não é preciso ser muito viajado para perceber que Lisboa é das capitais europeias com menos ciclovias e menos espaço pedonal, uma cidade feita de vias rápidas e avenidas ainda mais rápidas, muitas e muitas faixas de alcatrão, passeios estreitos ou inexistentes e semáforos que só favorecem o tráfego automóvel. António Costa pouco fez para mudar esta realidade sombria. Dizer que o presidente da câmara de Lisboa quer por toda a gente a andar de bicicleta não faz qualquer sentido. Dizer que ninguém anda de bicicleta só prova que o presidente do ACP é tão míope na estrada como alguns dos seus associados.

Agorra que o ACP aceita motas, vamos falarr mal dos ciclistas!

É claro que o ReichFüher é um individuo desequilibrado, mas não é parvo. Longe disso. Ele sabe que o seu ataque ao alvo fácil e mediaticamente indefeso que são as bicicletas e as ciclovias, encontra pronta adesão no "Lisboeta" suburbano carro-dependente, que pouco sabe do mundo para lá do seu umbigo cheio de cotão. O Senhor Presidente não pretende agradar a todos. Chega-lhe mostrar serviço aos sócios do ACP e manter-se no topo da agenda mediática. É mais um oportunista mentecapto com um megafone na mão. Não devemos dar-lhe mais importância do que isso. Com um pouco de sorte todo este protagonismo ainda leva o ReichFüher a emigrar. Há países onde a sua particular filosofia de mobilidade se ajustaria melhor à realidade local.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Orçamento Participativo 2011-2012

Até ao fim do mês

Está a decorrer até 30 de Setembro a votação para o Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Lisboa. Há algumas novidades este ano, nomeadamente as Assembleias Participativas, mas como não fui a nenhuma não me vou pronunciar sobre o tema. No que toca aos projectos que estão a votação, este ano não há grande coisa no que toca estritamente ao ciclismo utilitário, mas há ideias interessantes em áreas relacionadas, como medidas de acalmia de tráfego e melhoria de acessos pedonais. Tudo de âmbito local.

Infelizmente, o que se destaca este ano é mesmo o grande numero de propostas para criação de mais estacionamento na cidade. O povo também quer espaço para o carro, pá. Parece que o que há não chega. News flash, senhor Zé do Volante: nunca vai chegar! O melhor é começar a pensar em alternativas. Eu tenho uma, começa por "B" e acaba em "cleta" 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

As Rodas da Ira: Proíbam o Ciclismo

Mais valia assumir

Uma ideia: Proíbam o ciclismo. Proíbam a circulação de bicicleta no espaço público. Ilegalizem. Sobretudo em estrada, mas acabem com essa praga nas ciclovias também.

Tudo.

Prendam todos os prevaricadores, mão dura com esses esquisitoides. Assegurem que a nenhum ciclista será tolerado perturbar a circulação das vacas sagradas.

Responsáveis da nação, autarcas, este é o desafio. Combatam essas criaturas odiosas e desviantes! Está nas vossas mãos. Façam o que o povo anseia e serão recompensados com mais anos de poder, bajulações e honrarias.

É certo e sabido que em Portugal a diferença entre o que é a lei e o que se passa regularmente na prática é abismal. Não é de agora. Se o automobilista quiser andar a 100 em cidade não se passa nada. Já o contrario, circular legalmente de bicicleta em estrada pode ser muito complicado, para o ciclista claro. Porque não resolver isso? Se toda a gente parece achar que os ciclistas são um estorvo e nem a legislação nem as autoridades os protegem, por que não ajustar a lei ao que se passa na pratica? Ficava tudo mais arrumado e os potenciais interessados ficavam a saber com o que podiam contar.

Pela primeira vez em algum tempo, hoje fui todo o caminho de casa até Lisboa a pedalar. Na ida, não sucedeu nada de extraordinário, se considerar-mos normal os automóveis na marginal passarem (como sempre) a grande velocidade e a milímetros do meu guiador.

O regresso foi diferente. Parece que por onde quer que eu passasse, era fonte de irritação para toda a gente. Antes de chegar ao Cais do Sodré, já os taxistas me tinham feito rasantes suficientes para me depilarem as pernas. Na praça de táxis do Cais do Sodré, um fogareiro abriu (atirou com) a porta quando eu ia apertado por outro carro e por pouco não me apanha. Perante o meu protesto, os demais profissionais da praça encararam-me com um misto de nojo e desprezo. Decidi seguir pela ciclovia (de Belém), mas talvez não tenha sido a melhor ideia.

O Habitual, na "ciclovia" de Belém

Em Alcântara, antes da GNR, atrás da AR Telecom e outras empresas, está um grupo de adolescentes espalhados pelo passeio e pela ciclovia. Uns estão de pé, outros esparramados no chão. Quando estou a passar, há um miúdo, que não poderia ter mais de 15 anos, que avança para o meio do caminho, sem me ver. Eu aviso "Cuidado", mas em resposta o adolescente resolve encarar-me e atira-me com um "Cuidado o quê, »@"#$"%$? Eu respondo simplesmente sinalizado e dizendo "ciclovia", mas o resto da tribo já se está a levantar, avançando provocativamente e a gritando insultos, pelo que respondo um pouco na mesma moeda e afasto-me.

Tento não deixar que estas coisas estraguem o que de outro modo até estava a ser um prazenteiro regresso a casa. Afinal eu só queira era chegar a casa. Mas a coisa não podia ficar por aqui. Mesmo a chegar, numa rua onde passo todos os dias, fui quase vitima do famigerado "Right Hook". O Problema das viragens à direita é soberanamente conhecido no mundo do ciclismo e há técnicas para melhorar as nossas probabilidades de seguir em frente em segurança. Uma delas é circular mais à esquerda antes do cruzamento, para que o automobilista não só perceba claramente que não vamos virar, como não possa ultrapassar naquele momento. Foi isso que eu fiz perante a presença de um carro atrás de mim antes do cruzamento. Não serviu de nada.

O Fiat nunca me ultrapassou. Manteve-se no meio da estrada, mesmo ao meu lado e depois virou à direita como se nada. O condutor tinha que estar em morte cerebral para não me ver. Justamente por já esperar todo o tipo de barbaridades dos enlatados, consegui, não sei como, evitar a colisão e não cair. Mas fui forçado a entrar na rua para onde a vaca sagrada queria ir. O que seguiu foi uma cena triste, comigo a perder todo o controle e a berrar o que me veio à cabeça naquele momento ao automobilista, ao mesmo tempo que o desafiava a parar. Em boa hora o mentecapto não o fez, porque eu estava com a adrenalina no máximo e tomado de uma raiva desconhecida. A violência que decerto de seguiria só me prejudicaria, mais uma vez, a mim próprio.

Eu só queria chegar a casa. Mas nunca nada é assim tão simples no país dos rodinhas. Já pensei tantas vezes em emigrar, só por causa disto. Parece que sou eu que estou mal, e quem está mal muda-se, não é assim?

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Lisboa: novidades de mobilidade sustentável

O centro de Lisboa será fechado ao trânsito! Err... não.

Aproximando-se a largos passos a Semana Europeia da Mobilidade, andei a pesquisar novidades de Lisboa, e da Câmara de Lisboa, relacionadas com a mobilidade. Como de costume, até há muita coisa a acontecer, mesmo que a sua importância seja muito relativa. Eu destaco: 

  • Dia 12 foi lançado o concurso para a construção da ponte ciclo-pedonal sobre a 2ª Circular. Já se fala dessa travessia há algum tempo, parece que agora as coisas estão a andar. Conclusão prevista para finais de 2012. Ou então estes senhores foram só comer croquetes. (Ver vídeo

  • Dia 18 é o Passeio da FPCUB, "Lisboa Ciclável", que percorrerá maioritariamente ciclovias. Pode ser interessante para quem queira conhecer a extensão da rede de "ciclovias" da capital. Começa e acaba no Jardim Amália Rodrigues (Parque Eduardo VII).

  • Dia 21 teremos os VI Prémios Nacionais de Mobilidade em Bicicleta, em que a perseverante FPCUB vai tentar engraxar algumas entidades oficiais que pouco ou nada fizeram pelo ciclismo utilitário em Portugal, na esperança de que uma consciência pesada os leve a, no futuro, serem mais amigos da bicicleta e do ambiente. Pelo meio, alguns prémios merecidos também serão atribuídos.

  • Dia 22 é o Dia Europeu sem Carros. Em Lisboa será mais um dia de carros por todo o lado, carros em cima das árvores, em cima do passeio, peões maltratados e atropelados e caos rodoviário geral. Haverá no entanto uma conferencia, ainda não consegui perceber onde, para discutir o óbvio:"A Bicicleta, Ferramenta de Estratégia Energética e Ambiental”.

Há mais eventos previstos, mas é quase tudo à base de voltinhas de bicicleta em cima do passeio e colóquios e conferências onde se discute o que depois não se implementa. No fim, toda a gente regressará a casa de carro.  

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Ainda a obrigatoriedade de circular nas ciclovias

O ciclista está obrigado a usar a "ciclovia" de Belém em detrimento da N6?

Poucas coisas são consensuais no mundo das bicicletas e esta é uma delas. Gostemos de ciclovias e trânsito segregado ou não, ninguém pode negar que o mal amado Código da Estrada Português obriga a que os velocípedes circulem pelas pistas para bicicletas sempre que elas existam.

O artigo 78º - "Pistas Especiais" - do famoso documento trata disso mesmo, determinando o ponto número 1 que: "Quando existam pistas especialmente destinadas a animais ou veículos de certas espécies, o trânsito destes deve fazer-se por aquelas pistas". Mais à frente, o ponto número 6 estabelece as penalizações para os infractores, ou seja, coimas de 30 a 150 Euros.

Está tudo claro portanto. Ou nem por isso? Sendo um pedaço de legislação Lusa, não pode deixar de possuir uma certa ambiguidade. Para começar, acho caricato o uso da expressão "deve" no primeiro ponto, em lugar de um mais forçoso "estão obrigados" ou algo assim. Mas esse nem será o maior problema. Eu consigo descortinar pelo menos 4 situações ambiguas no meio disto tudo:

  • Obviamente existe sinalização homologada para identificar estas pistas especiais, mas muitas vezes ela não é usada. Nesses casos de ausência de sinalização correcta, a ciclovia pode ser considerada como tal?

  • Que fazer quando a ciclovia não é realmente paralela à via pública de onde pretende retirar trânsito de velocípedes, como no caso das ciclovias lúdicas e ornamentais, é obrigatório usa-la? 

  • E se não for visível da estrada, como pode ser obrigatório a circulação se o ciclista desconhecer a existência da pista especial? 

  • Quem usa bicicleta de estrada deve circular pela pista especial, já que um velocípede é um velocípede. Mas será sensato misturar máquinas capazes de 50 km/h em plano com crianças em patins e outros peões (nas ciclovias partilhadas)?

Dada a qualidade duvidosa de muitas das nossas "pistas especiais", estas questões parecem-me pertinentes e são fonte frequente de conversa com os companheiros do pedal. Já as autoridades não mostram especial preocupação pelo cumprimento do Código da Estrada nas ciclovias, tal como não mostram especial preocupação pelo cumprimento do Código da Estrada em geral.

Alguém sabe alguma coisa deste assunto que me esteja a escapar ou este é mesmo o ponto em que estamos? Quem quiser consultar o Código pode fazê-lo aqui e informação sobre sinalização de ciclovias e muito mais pode ser encontrado neste excelente documento (para crianças!) da boa gente do Cenas a Pedal.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

FankenBicla: actualização

Bike Queen, Séc. II B.C.

Tenho usado esta monstruosa criação para pequenas deslocações locais (<2 km) e estou muito satisfeito com ela. Ninguém olha duas vezes para a bicicleta, posso usar um cadeado "normal", prende-la ao mesmo sítio onde já roubaram duas bicicletas cá de casa e ir à minha vida descansado.

Manete também já é quase um clássico. Finalmente ela trava!

Com pneus de BTT modernos, a bicicleta é confortável QB e até me parece bastante estável, mesmo tendo o quadro um tamanho pouco adequado à minha majestosa pessoa. Depois de uns apertos no cubo, a roda da frente deixou de andar aos gonzos e a travagem também melhorou 200% (vá, 205...) depois de trocar a manete esquerda por uma de v-brake decente, e fazer umas afinações. A Bicicleta finalmente trava, está tão obediente! Apenas o problema da direcção persiste, o novo garfo tinha uns milímetros a menos de rosca e nunca consegui apertar devidamente a direcção. Mesmo assim, funciona! Também não queria que a FrankenBicla (Bike Queen, Drag Queen, como sugeriu alguém) perdesse por completo a sua personalidade... assustadora!

Co-habitante acha que ainda roubam a Queen por causa do pneu novo...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sonhos dobráveis

Há quem ache que felicidade é uma Brompton verde

No actual estado da carro-dependência Lisboeta, não é muitas vezes seguro, ou de todo possível, atravessar algumas zonas da cidade de bicicleta. Somos ocasionalmente obrigados a recorrer aos transportes públicos. Não há nada de errado com isso, mas se do outro lado quisermos prosseguir a viagem de bicicleta, muitas vezes a única alternativa é recorrer a uma dobrável. É que nem todos os transportes públicos são compatíveis com a bicicleta convencional. O fossilizado blogue Bicicleta Na Cidade ainda contêm o melhor apanhado sobre as condições de acesso aos transportes públicos, de 2009 para cá pouco mudou.

As bicicletas dobráveis não são nenhuma novidade, mas continuam a ter uma reputação de bicho raro. Raro e caro, pois são normalmente mais dispendiosas que uma bicicleta utilitária normal, com a mesma gama de componentes. No entanto elas existem, e andam por aí. Eu próprio já tive uma, mas na altura outros interesses se sobrepuseram e acabei por a vender. Agora estou bem arrependido.

As dobráveis têm algumas especificidades de que foi dando conta aos poucos, e que as distinguem das suas congéneres de perna longa. É claro que há também dobráveis de rodas grandes (24, 26 e 700), mas nestes casos o resultado final é um volume considerável. As bicicletas de roda 16 e 20 são as mais aptas a serem transportadas nos transportes públicos sem problemas e normalmente as mais fáceis e rápidas de dobrar e desdobrar.

Uma questão a ter em conta nas dobráveis é o recurso dos fabricantes a muitas peças exclusivas da marca e/ou modelo. A começar pelo quadro! No caso de alguma coisa se estragar, boa sorte a conseguir a peça necessária para uma bicicleta comprada na net, de uma marca desconhecida ou não representada por cá. Aliás, só uma marca de dobráveis é representada por estas paragens de forma sustentada, a Dahon. É possível encontrar muitas outras dobráveis em lojas, mas normalmente são modelos "ocasionais", de exposição, de marcas como a BH e Coluer, em lojas com a politica do hoje temos, amanhã não sei.

Não digo que não seja possível um pessoa usar sem problemas uma destas dobráveis de marcas generalistas ou até origem mais desconhecida, mas em caso de azar o potencial para a desgraça está lá, a bicicleta pode acabar num canto à espera de melhores dias. E acreditem que as chatices acontecem, mesmo com os fabricantes reputados. A minha Mu P8 levou um espigão do guiador novo ao abrigo da garantia, com poucas semanas de vida. E apesar do ar XPTO das lojas Without Stress, o atendimento pedante (tão habitual nalgumas lojas de bicicletas da nossa praça) e o facto de nunca me terem entregue o manual e outros "brindes" que costumam vir com as bicicletas Dahon, mais a pequena questão do íman que une as rodas ter caído nos primeiros metros de pedalanço e a loja nunca me ter entregue o substituto solicitado, deixam-me de pé atrás mesmo com as marcas de "renome".

Quais são as alternativas? Talvez as Hoptown da Decathlon, se bem que se os tipos da Dahon andam à décadas nisto e ainda não têm a formula mágica, custa a acreditar que na Decathlon tenham acertado à primeira, num modelo de gama baixa. A verdade é que são leves e bem atraentes, já as andei a namorar. Quem estiver a safar-se bem à crise pode sempre encomendar uma Brompton de sites como o Cenas a Pedal, talvez configurando primeiro a escolha, e as hipóteses são muitas, no conhecido site da loja nova iorquina NYCeWheels. Os mais aventureiros podem fazer como um amigo meu, que acaba de encomendar uma dobrável barata do ebay. Não deixarei de aqui fazer, em breve, um ensaio dessa surpresa oriental.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

O número mágico

Quantas bicicletas são suficientes? Quantas bicicletas são necessárias para as funções que o seu proprietário para elas possa ter? Sem entrar em questões de coleccionismo, quantas montadas deveria o entusiasta manter no seu estábulo?

Se forem como eu (altos, espadaúdos, esbeltos...), certamente já passaram horas em claro, a dar voltas na cama enquanto tentavam responder a esta pertinente questão. Quantas bicicletas? Existem tantas modalidades de ciclismo e tantas formas diferentes de modernamente dar ao pedal, que a coisa fica difícil de definir. Não dispondo de recursos ilimitados, há que chegar a compromissos.

Após alguns anos retirado num mosteiro Tibetano, penso ter encontrado a fórmula certa. Como em outras situações, o que está bem para mim pode não se aplicar a outros, mas sigam o meu raciocínio:  

Uma BTT: tão útil como um canivete suíço
 
Bicicleta de Montanha. Esta não é difícil. As bicicletas de todo o terreno são as mais adaptáveis dos modelos de duas rodas e pedal. Podem servir para passeios de domingo, no monte, com os amigos, mas também podem servir para dar um salto ao supermercado ou ir para o trabalho. Com pneus slicks acompanham uma bicicleta de estrada. Com poucas adaptações até podem servir para viajar!  

Orbitaaaaa!

Bicicleta de cidade. Um modelo urbano puro é de incomparável conforto e facilidade de utilização para o dia a dia. Bem equipada, é a ferramenta certa para o trabalho, não é um dessenrrascanço, como seria com outra bicicleta. Se é para fazer vida sem carro na cidade, uma destas belezas é imprescindível. 

Até ao fim da rua, até ao fim do mundo...

Bicicleta de Viagem (Trekking ou Touring). Para aquelas férias de verão a viajar serem aproveitadas ao máximo não é preciso uma bicicleta dedicada. Mas facilita muito levar uma bicicleta preparada para transportar peso ao longo de muitos quilómetros sem stress nem cansaço.

Diz que são boas. E alem disso são boas!

Bicicleta de estrada. Para aquelas voltas de estrada de muitos quilómetros com os amigos ou mesmo provas desportivas, uma BTT com pneus lisos não chega. Nada bate o aerodinamismo, peso e escalonamento de mudanças de uma bicicleta de estrada.

À prova de roubo. Ou quase...

Bicicleta descartável. Para ir "ali ao lado" num instante, sem grandes preocupações com o lugar onde vamos deixar a bicicleta, dá muito jeito ter um modelo velho e pouco desejável para deixar em sítios de segurança duvidosa. E muita gente já tem uma velha ancora de cacilheiro por perto, é bom poder dar-lhe uso. 

Nham...

Bicicleta dobrável. Para aqueles percursos em que não se pode evitar usar os transportes públicos, uma bicicleta dobrável permite-nos realizar parte do percurso a força de pedal. Resolve também alguns problemas de segurança no estacionamento, a permitir o transporte para dentro de portas. Além disso são muito divertidas.  
    Pronto! Deixei de fora as bicicletas de carga e as bicicletas de BTT de suspensão total, entre muitas outras. Mas para mim está bom assim. Seis. Seis chegam. Agora só preciso de arranjar dois empregos...

    Nobody likes you




    Retirei o título deste post de uma tirada de um conhecido filme dos anos noventa protagonizado pelo Bruce Willis. O monólogo prossegue com as frases "everybody hates you. You're gonna lose. (...)"

    Este bem podia ser também o diálogo que um ciclista urbano tivesse com o seu espelho todas as manhãs, antes de sair de casa e se lançar, a pedalar, no caos motorizado da cidade de Lisboa. Bem sei que esta não é a temática preferida daqueles que, como eu, procuram promover o ciclismo utilitário, mas as coisas são como são.

    Quem nunca teve que se desviar in extremis de uma colisão frontal com um qualquer Schumacher do Cacém em ultrapassagem pré-orgásmica na estrada nacional? Quem nunca se sentiu o alvo de um improvisado concurso juvenil de arremesso de pedras, lixo e outros objectos? Quem nunca teve um psico-automobilista a fazer-lhe uma razante a alta velocidade com buzinadela incluída, na tentativa de provocar uma queda? Quem é que nunca foi insultado e intimidado pelo simples facto de se deslocar de bicicleta? Se nunca passou por todos estes cenários, é porque não pedala regularmente.



    É claro que isto são os comportamentos sociopáticos, e eles existem, mas felizmente nem são tão abundantes como isso. O grande inimigo do ciclista é simplesmente o condutor/a distraído e ignorante, que acha que o código da estrada é apenas um conjunto de sugestões e não faz ideia o que possa significar a expressão "margem de segurança". Ou seja, quase todos os automobilistas portugueses. O problema não é só nosso. Os portugueses bem se esforçam, mas o cobiçado título de piores condutores do mundo tem outros pretendentes. E em qualquer lugar onde o moderno trânsito motorizado partilha espaço com ciclistas, as coisas têm tendência a correr mal. Para o ciclista.

    Se isso parece até certo ponto inevitável, é mais difícil de entender o ódio visceral que alguns parecem nutrir pelos ciclistas. Será que parecemos tão diferentes que se torna fácil dizer publicamente coisas que pareceriam inadmissíveis se fossem dirigidas a outro grupo/classe?

    Não tem graça, mas não anda longe da verdade

    No Facebook há quem incentive o ódio ao ciclista e se dedique a falar mal do que parecem entender como uma ameaça e uma praga. Como estes tipos. O YouTube alberga também inúmeros vídeos de ódio, basta fazer uma pesquisa. No principal fórum português de ciclismo, há inúmeros relatos de situações arrepiantes vividas nas nossas ruas e estradas. (De tal maneira que deixei de lá ir). Mas as más noticias não são difíceis de encontrar. Também a policia, aparentemente, gosta de bater em ciclistas, um pouco por todo o mundo. E cronistas de várias origens e cores políticas adoram atacar o alvo fácil que é o ciclista urbano, do alto dos seus púlpitos mediáticos. Não só por cá, mas no UK ou em Espanha.

    Até o brilhante George Carlin não resistiu a fazer umas piadas fáceis sobre ciclistas, recorrendo à prática habitual de reduzir a bicicleta ao estatuto de brinquedo e o ciclista ao papel do estranho, o outro, suficientemente diferente para sobre ele poder recair impunemente todo o tipo de violência.

    É prudente não esquecer que o código da estrada não nos protege, muito menos as autoridades. E que na estrada somos os mais vulneráveis. A nossa maior arma é a inteligência, e quem escolhe deslocar-se de bicicleta já demonstrou ter inteligência acima da média. Mas é preciso não facilitar, não baixar a guarda. Acabando como comecei, com uma cinematográfica tirada pirosa em estrangeiro: "best defence is no be there".