terça-feira, 23 de outubro de 2012

Na pedaleira grande com a chave do EuroTostões

Números. São frios, são insensíveis, mas não mentem. Gostam de números? Então tomem lá uns quantos, assim de repente: 20, 52, 6, 7 e 50. Parece a chave do EuroTostões ou do Totolouco, mas não é. Ou talvez seja. Se ganharem alguma coisa depois partilhem, combinado?

Não se preocupem, tenho a vacina do Tétano em dia

20 é a média que ando a fazer em Lisboa, nos dias que correm. Se deixar o ciclo-computador-coiso a contar, dia após dia, a média vai sempre bater aos 20km/h. É certinho. Isso inclui as alturas em que empurro a bicicleta na estação do comboio ou no passeio. Não sei se é boa ou se é má mérdia para os percursos que faço, mas eu gosto. É mais de 5 km/h acima da média de um autocarro da Carris, por isso muito má não será, tendo em conta que eu não sou especialmente novo, especialmente hábil nem estou especialmente em forma.

52 são os dentes que tem a minha pedaleira grande. Coisa normal para o período e bicla em causa. Em Londres quase nunca usava esta pedaleira, o que não deixa de ser engraçado, porque a cidade é bastante plana. Já nas colinas de Lisboa, passo a vida no prato grande. Ou é um grande fenómeno do entroncamento (ou do Cais do Sodré) ou uma questão de adaptação. Seja o que for, o prato grande é fixe. 

6 ciclistas que vi hoje, na rua. O que é um valor bastante acima da média: dois guerreiros do BTT perto de casa, dois ciclistas na Av. da Liberdade, alguém a atravessar a passadeira com uma bicicleta pela mão na Av. António Augusto de Aguiar e um tipo numa bicicleta de estrada na praça do Comercio, já de noite. Não estou a contar com os ciclistas da minha faculdade, que nos dias que correm conta com um robusto número de bicicletas estacionadas em qualquer altura do dia. Tipo entre uma dúzia e duas dúzias. À dúzia é melhor.


Tirado do Guardian

7 são os títulos do Tour que a UCI retirou em definitivo à celebridade caída em desgraça mais badalada das últimas décadas. Sim, o pesadelo do Texano Lance Armstrong parece não ter fim, agora fala-se em processos judiciais para força-lo a devolver dinheiro de prémios ganhos através de provas das quais ele oficialmente já não é o vencedor. A UCI aceitou o relatório da agência americana anti-doping, mas parece não estar demasiado preocupada com as conclusões de que a imensa maioria do pelotão internacional tomava coisas pouco saudáveis e que provavelmente todas as grandes provas das últimas décadas têm resultados oficiais pouco fiáveis. Ninguém se demitiu, ninguém assumiu responsabilidades. Tive que ir ver se a sede da UCI era por acaso em Portugal. Não é. 



Eu sei que os ciclistas são mais fiscalizados que ninguém. Sei que provavelmente todos os competidores de topo andavam (andam?) em esquemas destes, mais ou menos sofisticados. Sei que o Armstrong provavelmente era mesmo o melhor de uma geração, com ou sem EPO e hormona do Crescimento e transfusões de sangue. E sei que o público adora ver uma celebridade cair em desgraça, como se de uma novela se tratasse. Mesmo assim, como diria o Baby Herman: the whole thing stinks like yesterday's diapers.  

50. Ou 50 mil visualizações de páginas neste extravagante e absolutamente inútil pedaço do ciberespaço, desde a sua fundação, no verão quente de 2010. Sim, mais de 50.000. Estou desconfiado que boa parte dessas visualizações serão refresh's de página accionados por mim próprio, mas não deixo de ficar satisfeito. Durante o PREC todos os momentos para encontrar a felicidade são poucos. 

E com essa ideia, fiquem com esta imagem do homem que dirige os destinos da uma das mais ricas cidades do mundo, segundo alguns a caminho de ser líder dos destinos de uma nação com armas nucleares e lugar cativo no conselho de segurança da ONU. Eu sei que é um político, mas por isso mesmo é impossível olhar para o Boris e não voltar a ter esperança na espécie humana e simplesmente sorrir.   



Pedalem muito, e pedalem bem.

Sem comentários:

Enviar um comentário